No início de Hilchot Shabat, Maimônides descreve a obrigação de descansar, que se traduz na proibição contra trabalhar. Mas no início de Hilchot Yom Tov, encontramos o exato oposto. Maimônides enfatiza que durante as festas o trabalho é proibido; o elemento de descanso é secundário. Essa valiosa nuance textual não é meramente semântica.
O Rebe coloca uma distinção fundamental entre Shabat e as festas a partir dessa discrepância. No Shabat, o foco é a obrigação de descansar. Não trabalhar é simplesmente um aumento daquela obrigação. Nas festas, porém, somos ordenados a desistir do trabalho. O descanso que surge dessa cessação é secundário.
Este conhecimento nos ajuda e entender por que não cheiramos as especiarias (besamim) durante a havdalá em ocasiões que o Shabat leva diretamente a um Yom Tov.
Cada semana, ao final do Shabat, recitamos a Havdalá, que inclui cheirar especiarias para prover conforto à alma sobre a partida da “alma adicional” que se junta a nós no Shabat. Se, no entanto, o Shabat é diretamente seguido por um feriado, embora ainda recitemos a Havdalá (durante o kidush para a festa), deixamos a bênção das especiarias de fora.
Mas por quê?
Em Estado de Mente
Para entender isso, devemos primeiro ser claros sobre a que estamos nos referindo.
A alma adicional que recebemos pode ser entendida de duas formas diferentes. O Zohar a descreve como um fenômeno espiritual – uma alma extra que recebemos pela duração do dia. Outros, porém, explicam como um estado de mente – o estado de estar mais disposto a descansar e apreciar, sem ser constrangido pelo Shabat no dia de semana. Assim, cheirar as especiarias não é necessário para modelar o toque de sair do Yom Tov e entrar no dia da semana.
Aplicação Prática
Em todo Shabat entramos num novo, Divino, estado de mente. Não somos mais perturbados por coisas mundanas, recebemos um dia para focar naquilo que é realmente importante.
O Shabat, como o ponto alto da vida judaica, deve ser estritamente respeitado, não apenas observando meticulosamente as leis do Shabat, mas mantendo todas as nossas atividades dentro do “espírito do Shabat”. Até nossa fala não deveria ir para o território mundano. Em vez disso, dedicamos nosso tempo para a prece, estudo de Torá e tempo de qualidade com a família.
Por Mordejai Rubin
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