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Shalom Bait

Quando está sob a chupá, qual o casal que não espera shalom bait, harmonia conjugal eterna? Os parceiros rezam ardentemente para que nos muitos anos de sua vida juntos sintam-se tão bem um com o outro nos como se sentem no dia do casamento. De fato, não apenas eles esperam se sentir tão positivos no futuro como estão agora, como desejam que aqueles sentimentos se aprofundem à medida que o casamento progride. Junto com essas expectativas está a idéia de que ser feliz no casamento significa estar constantemente junto do seu parceiro, e jamais querer se separar.

Parece que isso faz sentido. Se vocês estão felizes um com o outro, então deveriam querer, e poder, ficar juntos o tempo todo.

Portanto, pode ser um pouquinho desconcertante que a Torá, de acordo com as Leis da Pureza Familiar, diga a um casal que em determinadas épocas do mês eles não podem ser fisicamente íntimos um com o outro. Se a Torá deseja que um casal construa um lar duradouro, por que os instrui a separar-se regularmente durante parte do mês?

Para muitos casais, esta época do mês pode ser tensa e estressante. Aparentemente, parece que o fato de não ficarem juntos cria mais atrito, o que afeta a harmonia familiar. Então, por que a Torá insiste nesse tipo de relacionamento? Isso parece ir contra a natureza humana, e contra o bom senso.

Por mais surpreendente que possa parecer, pesquisas sobre satisfação conjugal apóia a opinião da Torá – que a chave para um casamento duradouro e satisfatório é ajudar os casais a se separarem de maneira previsível.

Por que deve ser assim?

Primeiro, a pesquisa sugere que os casais deveriam ter reservas emocionais para ficarem juntos o tempo todo. Contrário ao que se apregoa nas canções populares e programas de TV, ficar perto demais durante muito tempo pode levar à tensão conjugal.

Estar junto significa estar atento às necessidades do outro, deixando de lado seus próprios desejos. Significa também abrir-se à outra pessoa.

Embora este tipo de intimidade seja importante para o casamento, pode ser sufocante quando se torna perto demais ou dura tempo demais. A descrição acima pode soar um tanto abstrata. Porém, sabemos que sentir que estamos sendo asfixiados é como sentir que perdemos uma parte de nós mesmos.

O que geralmente resulta, sugerem os terapeutas matrimoniais, é um tipo de termostato emocional que dispara, sinalizando aos parceiros que eles precisam dar um tempo. Um ou ambos sente a necessidade de mais privacidade, mais espaço pessoal. O desafio para qualquer casal é conseguir dar ao outro este espaço numa maneira construtiva, não ameaçadora.

Muitas vezes uma chance que permitiria aos parceiros uma maior independência desencadeia sentimentos negativos como raiva ou rejeição. Por exemplo, em vez de interpretar a emoção de um parceiro como uma necessidade de privacidade, o outro pode sentir como se estivesse sendo posto de lado.

Uma mulher poderia dizer a si mesma: “Por que ele está menos interessado em mim nestes dias?” Um cônjuge poderia levar isso para o lado pessoal – “O que estou fazendo de errado?” – ou ficar furioso: “Como ele pôde fazer isso comigo?” Ou então: “Ela teve a coragem de fazer isso?” Da mesma forma, a pessoa que se afasta diz: “Preciso de algum espaço. Por que ele está sendo tão intrometido?”

Pode-se ver como esse conflito de sinais pode levar a mais tensão e muitas vezes a brigas. As teorias sobre a satisfação no casamento sugerem que a briga serve como uma maneira de permitir que os parceiros fiquem a certa distância um do outro, pois uma discussão, pelo menos a curto prazo, geralmente resulta em seu afastamento emocional.

A Solução da Torá

Talvez agora possamos apreciar a sabedoria da Torá ao instruir os casais a se separarem fisicamente numa base mensal. A Torá fornece uma estrutura para a privacidade numa maneira construtiva. As Leis da Pureza Familiar podem evitar alguns conflitos, pois os parceiros têm outra maneira de se afastarem.

Quando um casal se separa porque a mulher se tornou nidá (começou a menstruar), a culpa e a mágoa pessoal não têm lugar. Por exemplo, seria um tanto absurdo para um marido dizer: “Por que a minha mulher não está interessada em ficar comigo?” Isso porque a separação é ordenada por uma fonte objetiva, e não emana do próprio casamento. (Obviamente, quando o período de separação se torna muito longo, qualquer que seja o motivo, isso pode resultar em tensão, e deve ser cuidado.)

A separação associada com a mitsvá do micvê também ajuda o casal a desfrutar a intimidade quando eles têm permissão de ficar juntos. Durante este tempo, podem ter uma intimidade mais completa. Além de permitir que os casais se separem de maneira não ameaçadora, as Leis da Pureza Familiar também asseguram que a atração que o marido e a mulher sentem no princípio continue durante todo o casamento. O desencanto ou o medo do desencanto que pode vir com a familiaridade e os aspectos mais mundanos do casamento é um problema que o mundo secular tem tentado resolver com grande empenho.

A Torá oferece uma solução brilhante, porém incrivelmente simples. Ao separar os parceiros, promove a atração física que o marido e a mulher sentem um pelo outro. A saudade obviamente é muito mais forte após terem se separado por duas semanas do que o casal que nunca fica longe. Em vez de terem de confiar em maneiras diferentes mais estimulantes de intimidade física, a separação em si assegura a renovação.

É verdade que as expectativas que ocorrem antes de uma mulher ir ao micvê precisam ser cuidadas. Mesmo assim, lidar com a antecipação de estar juntos é um problema muito mais fácil que as dificuldades que surgem de um casal entediado ou desinteressado um no outro.

Um outro benefício das Leis de Pureza Familiar é ajudar o casal a aprender como se aproximar de outras maneiras, além da física. Como qualquer pessoa casada sabe, ser amoroso com seu cônjuge é uma maneira fácil de transmitir muitas mensagens. O mais importante é transmitir amor, carinho e proximidade; uma espécie de declaração e certificado da reciprocidade de sentimentos.

Uma declaração verbal, no entanto, é mais específica. Dar um abraço no parceiro é como dizer “Eu te amo” sem especificar como. É o equivalente a alguém que diz “Obrigado” a outra pessoa mas não diz pelo quê está agradecido. Como um abraço ou um beijo pode significar muitas coisas, a comunicação pode se tornar um pouco difícil.

Impedir o casal de se tornar fisicamente íntimo exige que os parceiros encontrem maneiras de se aproximar e expressar seu amor um pelo outro. Isso exige esforço. Porém, promove um relacionamento mais saudável, pois o casal tem múltiplas maneiras de conhecer um ao outro.

Uma esposa precisa demonstrar interesse no marido, por exemplo, perguntando sobre os aspectos da vida dele que lhe são importantes, e vice-versa. É mais fácil dar um beijo no outro após um dia no escritório que perguntar sobre os acontecimentos importantes do seu dia. No entanto, o vínculo emocional que se desenvolve a partir do último tipo de conversa é mais duradouro e substancial.

Obviamente, as Leis da Pureza Familiar não são garantia de felicidade no casamento. Porém seus benefícios psicológicos se tornam óbvios através desta mitsvá que fornece uma estrutura que permite ao casal ser simultaneamente íntimo e independente.

Marido e mulher precisam se esforçar para permitir que o outro tenha independência ao mesmo tempo em que encorajam o crescimento e a profundidade do relacionamento. Como ocorre em outras áreas da vida, D’us nos fornece as ferramentas para nos aperfeiçoar; porém cabe a nós reconhecê-las e usá-las de maneira positiva.

Por Dra. Miriam Biber, PhD

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